quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ORIGEM DO HIP HOP AMAPAENSE


A HISTÓRIA DO HIP HOP EM MACAPÁ NO ESTADO DO AMAPA NOS ANOS 1995 A 2005

GUINHO BBOY


RESUMO

O presente artigo visa ressaltar a relação do Hip Hop em Macapá com as instituições públicas (governo estadual, municipal e federal) verificando aspectos de incentivo e organização do movimento no período de 1995 até 2005, passando também por sua representação social no contexto local. A metodologia empregada foi análise bibliográfica sobre o tema, mecanismos analíticos da história social e história oral, entrevistas, questionário relacionado a temática abordada, pesquisa em arquivos públicos e particulares como fotos, vídeos, projetos entre outros.Concomitante a isso, utilizou-se máquina fotográfica e gravador de voz para guardar o registro dos relatos autorizados e também sites que falam sobre o Hip Hop nacional e local. Entre os principais resultados esta a relação entre Estado e o Movimento na década de 1990 no sentido de incentivo cultural no qual teve um início difícil e com tempo foi melhorando nos anos de 2000 gradativamente apesar da falta de espaço adequado para prática do Hip Hop em Macapá.


Palavras-chave: História social , Movimento Hip Hop, Macapá, Discurso.


THE SOCIAL HISTORY OF HIP HOP IN MACAPÁ IN YEARS 1995 THE 2005
ABSTRACT

The present article aims at to stand out the relation of Hip Hop in Macapá with the public institutions (state, municipal and federal government) being verified aspects of incentive and organization of the movement in the period of 1995 up to 2005, also passing for its social representation in the local context. The employed methodology was bibliographical analysis on the subject, analytical mechanisms of social history and verbal history, interviews, thematic related questionnaire the boarded one, research in public and particular archives as photos, videos, projects among others. Concomitant to this, photographic machine and of voice was used recording to also keep to the register of the authorized stories and sites that speak on Hip Hop national and local. This enters the main results the relation between State and the Movement in the decade of 1990 in the direction of cultural incentive in which it had a difficult beginning and with time was improving in the years of 2000 gradual although the lack of space adjusted for practical of Hip Hop in Macapá.

Keywords: Social history, Hip Movement hop, Identity, Hip Hop in Macapá.


INTRODUÇÃO

A História Social se configura num mecanismo de busca e problematização que focaliza determinado aspecto da sociedade e busca analisá-lo e compreendê-lo dentro do contexto em que se desenvolveu, com base em suas singularidades e inferências. Quando se trata de algo que se situa dentro dos limites de atualidade, tal investigação é acrescida do discurso de seus atores, da visão dos sujeitos que tornaram possível tal ocorrência social, isso tudo à luz do panorama globalizado que ora se apresenta.
Desta feita, busca-se, no presente trabalho, focalizar a história social do Movimento Hip Hop (MHH), em Macapá, bem como sua representação para a sociedade local no período compreendido entre 1995 e 2005, caracterizando-o e verificando sua relação com as instituições públicas de fomento à cultura do Governo Federal, Estadual e Municipal quanto ao apoio e incentivo.
A metodologia perpassou por análise bibliográfica sobre a temática visando a história social, uma vez que ela proporciona pontos de vista e valores importantes de um determinado contexto que seriam descartados pela história vista de cima e, apesar de se constituir num estudo na área de história, buscou-se no relacionamento com disciplinas das áreas humanas – linguística, sociologia, antropologia, entre outras – pontos importantes para o enriquecimento do trabalho.
Nesse sentido, a ideologia é definida como um direcionamento político dado aos sentidos do discurso do componente do movimento Hip Hop ou do representante do governo evidenciando, assim, múltiplas relações construídas entre os sujeitos e o objeto que representa.
Outra contribuição metodológica importante foi a história oral, que propiciou comparações salutares entre documentos tradicionais e outros, particulares, como fotos, folders e sites sobre a ação do MHH em Macapá na década abordada. Faz-se necessário ressaltar a importância da história social para o entendimento do contexto estudado, fugindo um pouco dos documentos oficiais que fundamentam a participação social de atores que muitas vezes não são considerados pelos documentos convencionais históricos.
Segundo João Carlos Sebe Bom Meihy (2005), a história oral é um recurso moderno usado para reconhecer a experiência social de pessoas e de grupos ressaltando a história do tempo presente, também reconhecida como historia viva.
Empregou-se, neste caso, a história oral através de relatos gravados e questionários com perguntas pontuais sobre aspectos sociais do MHH em Macapá e sua relação com o Estado nas esferas Federal, Estadual e Municipal. Foram gravados três relatos autorizados e utilizados dez questionários com alguns pontos autorizados.
O resultado da pesquisa perpassou pela comparação dos documentos oficiais e particulares com os elementos da história oral, evidenciando aspectos relevantes sobre a relação entre o Governo do Estado do Amapá e o movimento Hip Hop,
Afora as questões políticas e culturais, tal enfoque propiciou também percepções representativas consideráveis sobre o papel do hip hop em Macapá como abarcador de jovens em situação de risco social.
Sendo assim, tal recorte temporal da história social do MHH procura contribuir com os estudos da história do Amapá em âmbito local, ainda incipientes, servindo de base para trabalhos futuros que possam traçar um panorama deste e dos demais aspectos enfocados na sociedade contemporânea.


A CULTURA HIP HOP

O Hip Hop surgiu nos Estados Unidos, em New York, no Bairro do Bronx na década de 1970, num momento de crise política americana com a renúncia do Presidente Richard Nixon e de transição tecnológica do analógico para o digital aproximando pessoas pela insatisfação social e política com a cultura de periferia (FELIX, 2005).
Caracterizado com o uma arte multifacetada, o Hip Hop apresenta quatro elementos, que são quatro pilares característicos fundamentais deste movimento, sendo a dança, a rima através dos raps, a grafitagem e os DJs, que conferem ritmo a todo esse contexto.
Segundo João Batista de Jesus Felix (2005), a dança é feita por um elemento conhecido como B.Boy ou B. Boying; a rima é realizada pelo Mc, que utiliza ou não o improviso ao representar o canto; a grafitagem é feita pelo Wrinting, que é o escritor e/ou grafiteiro representando a arte plástica, expressão gráfica nas paredes utilizando tinta em spray. São elementos que têm diferenças, porém apresentam um objetivo comum ao transmitir uma mensagem consciente de sua realidade.
A apropriação de uma cultura de fora do Brasil propiciou formalizar uma identidade plural ou multifacetada que frisam Rodrigo Lages e Silva e Rosane Neves da Silva (2008), pois nenhuma identidade é fixa, uma vez que se relaciona com outras estruturas sociais através de identificações como de gênero, etnicidade, nível educacional, gostos, entre outros.
Dessa forma, é pertinente considerar a funcionalidade da noção de identidade no sentido de “resgatar uma dimensão social”, como se houvesse um distanciamento entre o social e o individual. Neste contexto, o Hip Hop atuaria como um elemento facilitador, na função de mediar a aproximação dessas duas dimensões.
A percepção do hip hop sobre a sociedade contemporânea é vinculada a uma crítica ferrenha as formas de discriminação, exclusão social e marginalização a qualquer manifestação oriunda da classe pobre, definindo características particulares de identidade da periferia, mas não fora do contexto social que faz parte do plural dos grandes centros urbanos.
A origem mundial do MHH demonstra que ele é pautado na pausa dos movimentos contraculturais das décadas de 1960 e 1970 com uma calmaria da geração que inovou a estética e comportamentos dos jovens norteamericanos, especialmente das periferias, preparando um ensaio que seria a apresentação para o mundo de um movimento vanguardista que apareceu na mídia no início do decênio de 1980 (SILVA &SILVA, 2008).
No Brasil, o hip hop se instaurou no final da década de 1980, na cidade de São Paulo, com os encontros informais de jovens na Rua São Bento, próximo à estação do metrô. Os iniciantes do hip hop eram brasileiros que dançavam break ao som da música Black (FÉLIX, 2005).
Esse processo de iniciação do que viria ser o hip hop brasileiro se caracterizava como o período dos Bailes Blacks, onde a consciência racial e orgulho negro divulgados pela Soul Music por artistas nacionais como Jorge Benjor, Tim Maia, Cassiano, Gerson King Combo, entre outros, começava a gerar uma nova ação comportamental, em especial na camada mais jovem da população afrodescedente (RIBEIRO, 2008).
O tipo de dança de rua denominada Break foi, então, a primeira manifestação do hip hop no Brasil e passou a ocorrer em várias áreas urbanas do país. Entre esses espaços urbanos, apareceram as figuras do pai do Break nacional, Nelson Triunfo e a primeira equipe de Break Dance, os Jabaquaras Breakers.
Os primeiros anos do movimento no país foram difíceis, uma vez que seus adeptos eram perseguidos pela polícia ou desacreditados e ridicularizados, segundo Cristian Carlos Ribeiro (2008), até mesmo nos próprios Bailes Blacks. Este quadro começa a se modificar em 1983, através dos clipes de Michael Jackson – em especial das músicas “Thriller”, “Billie Jean” e “Beat It” – e da abertura da novela das oito da rede Globo de Televisão, “Partido Alto” (que apresentava uma coreografia composta por dançarinos de break), que acabam por revelar a break dance como uma forma de dança moderna, uma forma de arte respeitável.
Para o autor, tal transformação positiva propiciou objetividade a esse movimento que procurava mostrar as precariedades sociais, fenômeno este que era restrito no início e se espalhou por várias partes do Brasil como Santo André, São Bernardo do Campo, Campinas, Brasília, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e também chegou a Macapá em meados da década de 1980.
Um aspecto importante do MHH é justamente servir de porta-voz das periferias brasileiras, consolidando-se, já no decênio de 1990, como um movimento de várias cidades que passa a ter espaço nas políticas públicas de incentivo cultural para o seu desenvolvimento.
Hoje, em âmbito nacional, o movimento hip hop é uma manifestação reconhecida pela mídia, pelos estados brasileiros e por boa parte da população, que dele tem um olhar positivo, diferente do que ocorria em seus primórdios, quando não tinha uma valorização salutar por questões de falta de conhecimento e um prejulgamento pautado em preconceitos.
Umas das suas importâncias mais elevadas para a sociedade e para alguns jovens brasileiros pobres, consiste no fato de ser o MHH uma oportunidade significativa para muitas vezes fazê-los sair de situações de risco social, através de uma prática construtiva e crítica.
Para Cristiano Carlos Rodrigues Ribeiro em “Novas formas de vivência nas polis brasileiras? A ação transformadora da realidade urbana brasileira pelo movimento hip hop”(2006), no qual ressalta uma análise de grupo étnico-racial de jovens afrodescedentes na gestão urbana e política da cidade de Campinas dizendo que o andamento do hip hop é uma reconstrução de identidades, desenvolvido pelo movimento nas sociedades onde ele se insere, dá origem a constituição de um novo patamar urbano de organização social que leva em consideração as dicotomias que formam e caracterizam os procedimentos de construção de uma verdadeira sociedade democrática e igualitária, (RIBEIRO, 2008).
A idéia do autor mostra que o movimento hip hop foi um instrumento reivindicatório dos jovens atores sociais deste contexto, que buscavam questionar pontos de uma determinada prática de política de exclusão social. Tal pensamento é parecido com o questionamento dos jovens de Macapá que procuraram fortalecer a cultura hip hop em Macapá perpassando pelas mesmas faltas do poder público, o que, com o decorrer das décadas foi se modificando por questões de interesses mútuos.


CULTURA HIP HOP EM MACAPÁ E SUA RELAÇÃO COM O ESTADO

Da mesma forma que ocorreu com qualquer outro movimento social e cultural, o Hip Hop buscou seu reconhecimento na sociedade macapaense passando por preconceitos, marginalização e reconhecimento por uma parte da população. Esta parte do trabalho será pautado nos relatos dos atores sociais que fizeram e fazem parte do MHH local e também de um documentário relacionado a origem do B. Boy no Estado do Amapá.
Em Macapá a cultura hip hop teve seu começo em meados da década de 1980 através de alguns jovens vindos de outras cidades brasileiras como Belém e Santarém. Segundo os relatos ressaltaram, a princípio havia apenas a prática de passos da break dance, o que foi influenciado pelos clipes de Michael Jackson, tendo de certa forma uma semelhança com o início do movimento em de outras cidades do Brasil, inclusive em Campinas, município de São Paulo.
De acordo com o documentário “A origem do B.Boy no Estado do Amapá – parte I”, Amina, que foi o precursor do hip hop em Macapá em 1982, envolvido pela febre do break dance mundial da época, ele estimulava outros jovens a praticarem o Break que era uma novidade no pensamento que se tinha de dança. Todos os dias, os praticantes se reuniam em sua casa, na Zona Norte de Macapá, para ensaiar.
No decorrer desse período, foi criado o primeiro grupo de dança, os “Cobras Verdes” e depois muitos outros que viriam ser formados na capital do Amapá. Amina participou do MHH de 1982 até 1990. Neste panorama, apareceram outros jovens como Billy, que até hoje está na ativa, Ligeirinho, que participou de 1982 a 1997; Kety, de 1983 a 1996, no período introdutório da cultura hip hop.
Os vanguardistas se reuniram na Praça Isaac Zagury, que é hoje a Praça Beira Rio, em Macapá, para organizar rodas de break e disseminar o que era moda na época. Porém, seu início foi muito difícil pelo olhar de preconceito da população que, por não conhecer esta manifestação inovadora, tachava-os de membros de gangues ou vagabundos, sendo que muitas vezes eram perseguidos por policiais passando por agressões e constrangimentos na hora de seu desempenho artístico.
Na época havia uma organização tímida em determinados centros sociais, conseguidos por alguns membros do MHH para reunir os participantes, como no caso o CAN 4, que é onde atualmente funciona o Centro de Apoio ao Trabalhador no Bairro do Buritizal. Segundo José Carlos Melo Pereira (Jhony Robô), que participou do movimento durante seis anos, foi um período de descobertas de jovens em relação à cultura da dança de rua e do relacionamento em um grupo social. Para alguns era a primeira vez que passavam por essa experiência, pois eram adolescentes que passaram a ter contato com uma cultura mundial com retoques regionais.
Na visão de Edivaldo Pinto Videira (B.boy Guinho), o principal expoente do MHH de hoje em Macapá, quem participava no início visava um status social por parte dos componentes, buscando a valorização pelo sexo oposto ao realizar uma boa apresentação nas boates, em festas conhecidas na época como Pipocas. Essas festas aconteciam no Círculo Militar, Trem do Desportivo Clube, Babilônia, Baby Doll, Star Night Club, entre outros lugares, que eram pontos certos de encontro dos grupos na década de1990.
Os principais grupos da época, segundo Edinaldo Sousa Oliveira (Nego) eram o American Hip Hop, Beat Streat, Bit of Boys, D’Funk Boys, Demônios do Break, Delore Rap (feminino), entre outros.
Como Ventura (2009) coloca, a idéia básica da cultura Hip Hop era e ainda é haver uma disputa com criatividade, não com armas, uma batalha de diferentes (e melhores) estilos, para transformar a violência insensata em energia positiva, percebe-se que a organização dos grupos locais era uma maneira de resgatar jovens em situação de risco social que, ao invés de procurarem drogas e criminalidade, aprendiam a dançar, tocar, grafitar e criavam letras de músicas (os raps).
Josiel da Silva Ramos (Jojô), também um dos elementos sustentadores da cultura hip hop em Macapá, ressalta que aconteciam rivalidades ao extremo nas boates ou fora das mesmas, pois junto com os componentes do movimento havia gangues de determinados bairros da cidade de Macapá que se relacionavam ou pressionavam alguns membros para que tivessem esta relação muitas vezes indesejada. Este aspecto manchava o movimento em relação à sociedade da época por causa das brigas que lhe eram atribuídas.
Por outro lado, é pertinente frisar, de acordo o relato de que Nego e de alguns jornais da época, que aconteceram em Macapá eventos promovidos por empresários como Raul Silva e Allain Cristoffer, ocorrendo, assim, as primeiras disputas entre os grupos iniciais de Hip Hop nos anos de 1995 a 2000.
Quanto ao aspecto político do MHH, sobre o incentivo governamental, José Carlos Melo Pereira (Jhony Robô) afirma que o Governo do Estado desenvolveu as primeiras políticas de apoio no início da gestão de João Alberto Capiberibe, sendo tal relato fortalecido pelo funcionário Alexandre Pelaes, que trabalha no governo estadual há 14 anos na área da cultura (Secretaria de Cultura do Estado do Amapá-SECULT), ressaltando que o governo, nessa época, propiciava eventos de promoção do Hip Hop em Macapá.
De acordo com relatos de outros participantes, era um incentivo tímido e sem sua devida importância para o movimento. É bem verdade que nesta época havia uma valorização dos grupos da zona norte de Macapá em detrimento dos da zona sul no que diz respeito estímulo cultural.
Nesta fase, os grupos começam a se organizar e se oficializar para o melhor reconhecimento dos órgãos públicos. Segundo o B.Boy Guinho, o início da década de 2000 mostrou-se um novo período de expansão do MHH através do acesso a tecnologias de comunicação como a internet, o que proporcionou uma relação com determinados grupos de Hip Hop do Brasil e do exterior, disseminando as primeiras batalhas e campeonatos de Hip Hop pela cidade de Macapá e por outros municípios do estado do Amapá, inclusive com participações de componentes internacionais desta manifestação vindo a Macapá.
De acordo com esta idéia, Stuart Hall (2006) ressalta que as experiências culturais pela globalização se interconectam propiciando novas combinações espaço-tempo. Assim, foi um fator preponderante a novos conhecimentos de outros países através da cultura Hip Hop, havendo um intercâmbio fortalecedor do movimento em âmbito local.
O governo de Waldez Góes, que se seguiu ao de Capiberibe, dispensou mais ainda o apoio para cultura Hip Hop: B. boy Guinho lembra que foram construídos estandes exclusivamente para o MHH na época da Expofeira, que é um dos maiores eventos turísticos do Amapá. Além disso, houve uma ajuda substancial do governo estadual para as batalhas e campeonatos ocorridos nos anos de 2004 até o último, que aconteceu no ano de 2010.
A Prefeitura do Município de Macapá também fez parte do incremento do MHH local, sobretudo no período dos eventos de verão conhecidos como “Macapá Verão”, selecionando determinados grupos para se apresentarem ao público como atrações artísticas nos balneários da cidade, remunerando-os por tal atividade.
Tais particularidades de incentivo ao hip hop em Macapá nasceram de um esforço de seus sustentadores, que buscavam ajuda nos órgãos públicos e, segundo alguns componentes do movimento, como José Azevedo (Dj) e B.Boy Guinho, essa relação servia de manobra política para determinados grupos que buscavam tirar proveito ao ajudar tal manifestação.
No entanto, os que pertenciam ao movimento, cientes de seu papel político e social, cultivavam essa relação, que no seu início foi tímida e distante, nas boates, em Macapá, na década de que vai de 1990 até 2000, ressaltando dificuldades e preconceitos aos participantes do movimento neste período.
Porém, a partir do governo de Waldez Góes a relação do governo estadual melhorou consideravelmente no que diz respeito a incentivo a cultura. É bom lembrar que no governo de João Alberto Capiberibe existia um setor específico que promovia políticas públicas para a juventude conhecida como Assessoria para a Juventude, tendo como responsável o hoje ex-deputado estadual Randolfe Rodrigues, que desempenhou projetos importantes para os jovens freqüentadores do Hip Hop, em que cedia salas a alguns grupos de Hip Hop treinarem.
Inclusive, de acordo ao relato de Edinaldo Sousa (Nego), em 1996, no Teatro das Bacabeiras, houve um evento patrocinado pelo governo. Tal afirmação junto aos documentos oficiais da época ressaltam que os órgãos públicos davam apoio para o hip hop em Macapá no decênio de 1990 e foi mais ainda na década seguinte.
























CONCLUSÃO

Como se verificou no decorrer do presente trabalho, a inúmeros posicionamentos e pontos frisados na fala de cada ator envolvido neste contexto que funciona historicamente e transmite uma ideologia, um direcionamento político dado aos sentidos que o permeiam. No caso do Movimento Hip Hop, a ideia é de inclusão, de construção crítica da sociedade através da identidade que confere aos seus atores sociais.
As comparações da história oral com relatos e os dados levantados através dos questionários propiciaram percepções consideráveis sobre o papel do Estado como gestor e fomentador cultural em Macapá sobre o movimento hip hop.
É pertinente ressaltar que o movimento Hip Hop da década de 1990 teve um início difícil com perseguições pelo estado através de policiais por ser um uma manifestação nova para período foi marginalizada tanto pelo aparelho estatal e pela população.
Nota-se, ainda certa exclusão no início do decênio de 1990 e um incentivo cultural com uma afinidade na última década e também como manobra de massa política segundo frisado por Guinho, um dos sustentadores da cultura hip hop no município de Macapá.
Na última década, com a força de sua vanguarda, o MHH foi valorizado o em parte pelo Estado e teve um outro olhar por parte da sociedade local. Assim, nesse processo de vem desde seus iniciadores até a valorização da criação por parte da Câmara de Vereadores de Macapá no dia 22 de novembro 2009 o dia do hip hop em Macapá, selando uma nova época para o movimento graças aos seus mantendedores e sua vanguarda.
Ressalta-se ainda, que, da mesma forma como vem acontecendo em outros estados da federação, em âmbito local, o MHH se tem configurado na salvaguarda de jovens e adolescentes em situação de risco social e que a história social desse período é ainda bem vívida, graças aos que dela fazem parte de maneira crítica e construtiva.



REFERÊNCIAS

FÉLIX, João Batista de Jesus. Hip Hop: cultura e política no contexto paulistano. São Paulo: USP, 2005.
HALL, Stuart. A questão da identidade cultural. Tradução por Andréa B. M. Jacinto ; Simone M. Frangella. 4 edição revista e ampliada. Campinas: IFCH/UNICAMP, 2006.

MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de História oral. 5ªedição. Editora Loyola. São Paulo.2005.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Editora Pontes,6ªedição. Campinas, São Paulo, 2005.

RIBEIRO, Christian Carlos Rodrigues. Novas formas de vivências nas Polis brasileiras? A ação transformadora da realidade urbana brasileira pelo movimento hip hop. São Paulo: Grupo de trabalho Participação e Movimentos Sociais, 2008.
SILVA, Rodrigo Lages e SILVA Rosane Neves da. Paradigma preventivo e lógica identitária nas abordagens sobre o Hip hop. Fractal Revista de Psicologia. v. 20 – n. 1, 2008.

VENTURA, Bruno. História da Cultura Hip Hop. In: www.overmundo.com.br/. Acesso em 05/08/2009.